quinta-feira, 28 de maio de 2015

A morte do juiz interior


Texto bíblico na Nova Tradução na Linguagem de Hoje

Paulo Francisco dos Santos[1]

 Pedro respondeu: – Eu nunca vou dizer que não o conheço, mesmo que eu tenha de morrer com o senhor! E todos os outros discípulos disseram a mesma coisa.

Mateus 26. 35


Lembrar da celebre frase convicta de lealdade de Pedro desperta um sentimento de indignação e a primeira coisa que sobe ao coração é lançar palavras de reprovação ao apóstolo que após emitir a afirmação em tela sem titubear negou Jesus. A atitude desleal de Cefas é motivo para que seja acionado aquele botãozinho interior em cada um de nós que nos impulsiona a produzir julgamentos e sentenças que quase sempre estão repletos de falhas, preconceitos e da visão distorcida dos fatos. Ao meditar neste trecho das Escrituras o Senhor Espírito Santo conduziu-me a questionar até que ponto nós meros seres humanos nos auto togamos[2] e sem preocupação alguma falamos coisas que teremos de prestar contas[3] a Deus posteriormente e as vezes, caso sejamos coerentes (verdadeiramente cristãos) teremos de nós humilhar diante daqueles que nossas atitudes produziram males, pois como nos revela Tiago a língua[4] é como um fogo destruidor. A história de Pedro é um referencial de restauração e vemos isso desde a negação a ascensão dele ao posto de pastor da igreja que se inicia em atos e declara que qualquer um que naquela época bradou que ele deveria ir para o inferno ou que não tinha mais lugar no Reino dos Céus pela falha que cometeu, teve de si calar e aceitar a decisão divina de colocar o ex-traidor numa posição de honra. Tal afirmativa não é um declaração apologética ao erro, mas um chamado a abrir os olhos para não assumirmos uma posição que não nos pertence – “A POSIÇÃO DE DEUS” – e com isso, prejudicarmos o nosso relacionamento com o Eterno. Quando Pedro afirmou que não iria negar Jesus não estava mentindo intencionalmente, mas em sinceridade colocou para fora o que estava sentindo naquele momento, porém ele não havia nascido de novo, pois Jesus não havia morrido na cruz e realizado a morte vicária. Além disso, ele não tinha recebido o batismo no Espírito Santo, não estava revestido de poder e mediante a fraqueza e limitação que os descendentes adâmicos possuem fez o que eu, você ou qualquer um na posição e despreparo faria... O verdadeiro juiz viu tudo e sua sentença a Pedro foi o perdão. Quem o condenou ficou cabisbaixo no sentido literal e teve de engolir algo que parecia inacreditável, mas que foi proposito divino – a exaltação daquele que outrora negou o filho de Deus. A humilhação posterior do apóstolo e sua reintegração mostram o grande amor redentor e dão a todos nós atores e coadjuvantes da história salvífica que a morte do juiz interior beneficiará em muito a cada um de nós, pois assumiremos a posição devida de observadores e intercessores evitando o juízo daquele que realmente possui condições de não somente julgar, mas condenar quem Ele quiser.




SP, Maio de 2015.




[1] Pastor, escritor, poeta, Teólogo advogado.
[2] Toga é a vestimenta do magistrado.
[3] Mateus 12.36.
[4] Tiago 3.06.


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