Texto bíblico na Nova Tradução na
Linguagem de Hoje
Paulo Francisco dos Santos[1]
Pedro
respondeu: – Eu nunca vou dizer que não o conheço, mesmo que eu tenha de morrer
com o senhor! E todos os outros discípulos disseram a mesma coisa.
Mateus 26. 35
Lembrar da celebre frase convicta de lealdade de Pedro desperta um
sentimento de indignação e a primeira coisa que sobe ao coração é lançar
palavras de reprovação ao apóstolo que após emitir a afirmação em tela sem
titubear negou Jesus. A atitude desleal de Cefas é motivo para que seja
acionado aquele botãozinho interior em cada um de nós que nos impulsiona a
produzir julgamentos e sentenças que quase sempre estão repletos de falhas,
preconceitos e da visão distorcida dos fatos. Ao meditar neste trecho das Escrituras
o Senhor Espírito Santo conduziu-me a questionar até que ponto nós meros seres
humanos nos auto togamos[2]
e sem preocupação alguma falamos coisas que teremos de prestar contas[3]
a Deus posteriormente e as vezes, caso sejamos coerentes (verdadeiramente
cristãos) teremos de nós humilhar diante daqueles que nossas atitudes
produziram males, pois como nos revela Tiago a língua[4]
é como um fogo destruidor. A história de Pedro é um referencial de restauração
e vemos isso desde a negação a ascensão dele ao posto de pastor da igreja que
se inicia em atos e declara que qualquer um que naquela época bradou que ele
deveria ir para o inferno ou que não tinha mais lugar no Reino dos Céus pela
falha que cometeu, teve de si calar e aceitar a decisão divina de colocar o
ex-traidor numa posição de honra. Tal afirmativa não é um declaração
apologética ao erro, mas um chamado a abrir os olhos para não assumirmos uma
posição que não nos pertence – “A POSIÇÃO DE DEUS” – e com isso, prejudicarmos
o nosso relacionamento com o Eterno. Quando Pedro afirmou que não iria negar
Jesus não estava mentindo intencionalmente, mas em sinceridade colocou para
fora o que estava sentindo naquele momento, porém ele não havia nascido de
novo, pois Jesus não havia morrido na cruz e realizado a morte vicária. Além
disso, ele não tinha recebido o batismo no Espírito Santo, não estava revestido
de poder e mediante a fraqueza e limitação que os descendentes adâmicos possuem
fez o que eu, você ou qualquer um na posição e despreparo faria... O verdadeiro
juiz viu tudo e sua sentença a Pedro foi o perdão. Quem o condenou ficou
cabisbaixo no sentido literal e teve de engolir algo que parecia inacreditável,
mas que foi proposito divino – a exaltação daquele que outrora negou o filho de
Deus. A humilhação posterior do apóstolo e sua reintegração mostram o grande
amor redentor e dão a todos nós atores e coadjuvantes da história salvífica que
a morte do juiz interior beneficiará em muito a cada um de nós, pois
assumiremos a posição devida de observadores e intercessores evitando o juízo
daquele que realmente possui condições de não somente julgar, mas condenar quem
Ele quiser.
SP, Maio de 2015.
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