sábado, 25 de maio de 2013

COMENTÁRIO BÍBLICO: "DESPINDO O EGO"



“Então Naamã desceu até o rio Jordão e mergulhou sete vezes, como Eliseu tinha dito. E ficou completamente curado. A sua carne ficou firme e sadia como a de uma criança.”
2 Reis 05.14


O sírio Naamã detém uma história de experiência com o Senhor Deus admirável que serve de ensinamento e ponto de reflexão para que a porta da tão esperada benção se abra. Uma síntese de sua trajetória pode ser traçada assim: Ele era o comandante do exercito da Síria, era respeitado e rico, tinha tudo que um homem de posição privilegiada poderia ter, porém era leproso e trazia sobre si todas as marcas de uma doença que não possui cura e conduz a morte. Além disso, ele não conhecia o Deus verdadeiro e por isso, não tinha paz, alegria e uma vida espiritual plena, pois sem o essencial que é a comunhão com o Pai e o conhecimento das Escrituras Sagradas ele estava desamparado. Sua vida era cercada de Idolatria, pois ele morava num país idolatra, nasceu em um berço idolatra e convivia com pessoas idolatras. O deus de sua nação era Rimom uma divindade que segundo a crença deles os ajudava em suas guerras, mas para Naamã não era somente Rimom seu único e exclusivo deus, ele também amava ser respeitado por todos, amava sua alta posição, sua fama, sua riqueza e seu castelo de cristal, ou seja, o seu mundinho era motivo de grande orgulho até o momento em que percebeu que estava morrendo e a qualquer momento todos iriam saber que o grande general da Síria não passava de um enfermo – exterior e interior – que a medicina, as ciências e os deuses daquela época não puderam sarar. Ele estava destinado ao fim, entretanto, aos olhos do Deus verdadeiro sua vida era importante e alvo de uma intervenção que mudaria todo o curso de sua pequena trajetória para que nos anais da história humana mais um testemunho de preocupação e resgate divino fosse registrado a favor do imensurável amor do Criador. Através de uma porta voz do céu que a Bíblia não revela o nome, mas registra ser uma menina que trabalha em sua casa como serva (escrava) quem mostrou o caminho da benção que ele deveria seguir. Ser retirada de sua casa, família e país para ser escrava deveria ser motivo suficiente para que aquela menina odiasse Naamã, mas quem tem contato com a Palavra divina e vive uma vida voltada para Deus é oposto ao que é considerado comum entre aqueles que estão distantes da verdade. Tomando posse do conhecimento de que em Israel havia um profeta que servia ao único e exclusivo Deus e este iria lhe curar, não pensou duas vezes, antes pediu autorização ao rei e partiu com uma grande comitiva para receber o que sua alma ansiava – a cura. Ao chegar a Samaria e mostrar as cartas de apresentação a pessoa errada, – a carta estava direcionada ao rei e expressando o pedido para que este curasse Naamã – entretanto, sanado o erro, ele finalmente encontra o profeta Eliseu e se decepciona. Os pensamentos de Deus não eram os pensamentos de Naamã e isso lhe causou frustração. Ele achava que o profeta teria de sair e invocar o nome de Deus para que sua doença exterior fosse curada, mas ao invés disso, aquele profeta além de não recebe-lo como era de costume fazer com autoridades de seu porte, ainda lhe deu uma ordem expressa para se lavar no rio Jordão caso quisesse realmente ser curado. Aquilo foi extremamente incomodo, pois Naamã era acostumado a ser honrado por todos, não receber ordens de ninguém e se despir diante de sua comitiva revelando seu estado de doença levantou uma muralha de indignação. A vergonha e medo queriam impedir que seu tão aguardado milagre acontecesse. Naamã vivia escondido atrás de seu uniforme militar e ninguém podia enxergar sua doença. Seu prestigio, fama, dinheiro, alta posição e idolatra de si mesmo camuflavam o homem fraco, deprimido e orgulhoso que não queria ser revelado para ninguém e que fugia de tudo e de todos. Tirar aquele traje era o passo decisivo de sua vida, mas destituir o ego do controle e ainda despi-lo era algo tão difícil que ele titubeou e não quis faze-lo, fato este que perdurou até que um de seus servos inspirado por Deus lhe abriu os olhos dizendo que despir-se não era uma coisa de outro mundo, não era como enfrentar um exercito inimigo ou como fazer algum tipo de proeza nos moldes de Sansão ou de Hercules, mas algo simples. Na verdade somente Deus pode fazer uma pessoa orgulhosa perceber que despir o ego realmente é algo extremamente simples. Quebrar o altar de adoração de si mesmo e obedecer a Deus foi à escolha certa que levou Naamã a ser curado de sua lepra exterior e interior, pois após a enfermidade desaparecer ele tomou a decisão de servir, adorar e amar aquEle  que realmente é que vive e reina para todo sempre.

Camuflar a doença interior é o caminho adotado por aqueles que querem permanecer doentes e preservarem a pose para que o mundo ao redor possa ficar pensando que se é sadio e poderoso, quando na verdade a lepra está ali imóvel e bem vestida. Despir o ego é uma atitude que muitos relutam em fazer, pois expõe aquilo que cada pessoa tenta esconder. Deus conhece e sabe qual é a lepra de cada um e ninguém pode esconde-la dEle e seu desejo é  conceder a cura. A lepra simboliza aquilo que precisa ser sarado e a única pessoa que pode operar esse milagre é o Senhor Jesus, mas semelhante a Naamã quem se encontra leproso precisa querer a cura. Não hesite, antes escolha despir o ego, retirar a armadura, o uniforme que é símbolo do orgulho, da razão, do preconceito, do ódio, da incredulidade, do amor ao dinheiro, do vicio, da idolatria de falsos deuses, da idolatria de si mesmo e assim, decidir mergulhar no rio do perdão, do amor e da graça de Deus. Jesus disse que quem conhece a verdade é liberto (Jo 8.32)[1] e libertasse do ego, despindo-o e vestindo-se da nova natureza (Ef. 4.24)[2] que é recebida por aquele que entrega sua vida para Deus recebendo Jesus como Salvador pessoal.

Autor: Pastor Paulo Francisco





[1] Evangelho Segundo João 8.32: “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”.
[2] Efésios 4.24: “Vistam-se com a nova natureza, criada por Deus, que é parecida com a sua própria natureza e que se mostra na vida verdadeira, a qual é correta e dedicada a ele.”


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