quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Arrebentando as cercas da minha ilha


Nova tradução na Linguagem de Hoje

Ajudem uns aos outros e assim vocês estarão obedecendo à lei de Cristo.
Gálatas 6.02

Há discursos na atualidade recheados de uma força que forma biombos[1] que enclausuram pessoas a uma visão egocentrista que as impede de desfrutar de um bem maravilhoso doado por Deus que é a possibilidade de viver e conviver com seu semelhante.  Ao batizar essa reflexão com o título: “Arrebentando as cercas da minha ilha” – o Espírito Santo me conduziu pela trilha do doar-se que contrapõe claramente a figura do preocupar-se somente comigo e ainda, comigo. Formar uma ilha própria tem o significado de isolar-se e manter-se isolado preocupando-se apenas com assuntos que dizem respeito ao que realmente importa para a idolatria pessoal. Não existe ninguém assim! Você acha!? “Quem dera!” Esta expressão busca definir o espanto que os passos de um mundo que prepara (ou tenta colocar na cabeça das pessoas) cada ser humano para poder ser melhor que o outro. Mas porque devo me importar com aqueles que estão próximos? Com aqueles que não conheço? Logicamente que ajudar é uma visão cristã, porém, na verdade é algo que deveria extrapolar o cristianismo, porque a vida transitória neste mundo exige auxilio desde o nascimento de cada pessoa, ou seja, no momento em que somos indefesos nossos pais ou responsáveis nos protegem e ajudam. Ao trilharmos a infância e adolescência e até chegarmos à fase adulta somos cercados de cuidados e auxilio em casa, na parentela, na escola, entre coleguinhas, na convivência etc, mas um belo dia ouvimos ou lemos que devemos ser donos de nosso próprio nariz e que as pessoas que estão ao nosso redor são possíveis inimigos que dificultarão a concretização daquilo que foi idealizado em nossa mente como sonho de consumo e por isso, não estenderemos as mãos para ajudar ninguém... E resolvemos estabelecer uma Leiva[2] própria... Nossa pequena ilha que é totalmente isolada... Cercada de conceitos que aprovam o que fazemos... E outro belo dia a nossa existência se foi e os registros pessoais e interpessoais apontarão que fomos apenas aqueles que tiveram o sobrenome marcado pela definição da palavra “Egoísmo”. Duro tal pensamento? Na verdade, toda reflexão nos leva ao um confronto interior para tomarmos uma decisão que pode impulsionar a uma mudança ou a um simples cruzar de braços e atitudes. O apóstolo Paulo invoca os cristãos em Gálatas e em toda a história do cristianismo a se mexerem e fazerem o possível em relação às pessoas do seu convívio, as pessoas de perto e as de longe, ao que se denomina outro... Igual a mim, mas que neste momento precisa do meu auxílio. O famoso adágio que apresenta a mão estendida para amparar a mão que futuramente lhe irá socorrer é verídico quando entendemos que ainda que essa mão não seja necessariamente o ser humano que ajudei, ela representa o ideal divino para raça que Ele criou com intuito de mostrar sua glória e semelhança. A cruz de Cristo trás na sua forma vertical a reconciliação com Deus e na horizontal a identificação com o próximo que precisa de mim. “Ajudar” é um verbo simples que ao ser aderido ao pronome indefinido “outro” assume uma posição multifacetada que vai desde de uma ação de doar o ombro amigo a magnifica mensagem de Cristo em João 16.13: “Ninguém tem mais amor pelos seus amigos do que aquele que dá a sua vida por eles.” Deus espera que todos os seres humanos possam arrebentar as cercas de suas ilhas interiores e sejam misericordiosos expressando compaixão para os que precisam... Cabe a nós cristãos sermos os primeiros a hastear tal bandeira e ai sim, a colheita vaticinada por nosso Mestre será colossal, pois uma verdadeira multidão também seguirá nosso exemplo! O conclamar de Paulo em Gálatas ecoa nos nossos dias chamando os que dormem o sono da indolência, do conforto e comodismo da sociedade consumista para que se possa fazer a diferença! Diante disto qual é a nossa escolha? Arrebentar a cerca ou muda-la para uma muralha?
Autor: Pastor Paulo Francisco[3]





[1] Biombo: Tabique móvel que resguarda parte de uma habitação. 
[2] Leiva: Sulco aberto por arado; gleba.
[3] Escritor, poeta, Bacharel em Teologia e Direito.


Um comentário:

  1. O amor que Cristo fala na Biblia e o amor através da palavra se amamos o próximo na oportunidade que tivermos falaremos de Jesus a ele se esta necessitado primeiro alimentamos ele e depois pregamos pra ele este e o verdadeiro amor.

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