sexta-feira, 16 de maio de 2014

“Moldado por Deus” - A natureza humana x A Escola Divina

Texto bíblico na Nova Tradução na Linguagem de Hoje

Paulo Francisco dos Santos[1]

“... E José contava ao pai as coisas erradas que os seus irmãos faziam. Jacó já era velho quando José nasceu e por isso ele o amava mais do que a todos os seus outros filhos. Jacó mandou fazer para José uma túnica longa, de mangas compridas. Os irmãos viam que o pai amava mais a José do que a eles e por isso tinham ódio dele e eram grosseiros quando falavam com ele.”
Gênesis 37.2-4


José, filho de Jacó-Israel é um personagem bíblico que através dos séculos desperta uma simpatia sem igual entre religiosos e até mesmos entre simples leitores das crônicas do povo hebreu... Talvez se fizéssemos um enquete sobre símbolo bíblico de integridade, comunhão com Deus e vida exemplar nosso personagem em tela seria cotado como uns dos favoritos a ser o mais lembrado. Entretanto, sem querer denegrir sua apaixonante e ilibada conduta, que lhe rendeu a posição de Governador da maior potência de sua Época e o status de herói da fé, quero trazer uma reflexão sobre os caminhos que Deus percorre para moldar o ser humano e transformá-lo de um problemático filho mimado em uma figura que norteia gerações com seu exemplo de vida. Infelizmente, ou melhor, felizmente José não foi sempre o José que é pregado no sentido de exemplo de fé, pois a semelhança de todos os descendentes de Adão também sofria a influência do pecado e sozinho não poderia ter a capacidade de vencê-lo. Isso mesmo, José era uma pessoa pecadora, com graves problemas de relacionamento na família, com um egocentrismo latente, cercado de uma superproteção que quase arruinou sua vida. Talvez sua indagação seja: “De onde você retirou isso?” Acompanhe sua história com atenção e você perceberá que na construção de sua personalidade desde a tenra idade não havia limites para o preferido de Jacó. Tudo era para ele. Sendo o filho mais novo havia até ganhado a túnica colorida que o posicionava como o futuro líder da família. O pai demonstrava claramente que José era amado e preferido em detrimento dos outros. O próprio José quando contava seus sonhos aos irmãos provocava ódio, mas não era por causa do sonho em si, mas pela maneira que ele contava (vers.8). O orgulho próprio de José era tão tamanho que ele se tornou um especialista em buscar erros em seus irmãos para acusa-los diante de seu pai. Além de ser o preferido, ainda contribuía para que seu pai menosprezasse ainda mais seus irmãos com sua atitude de vigilante da vida alheia (fofoqueiro) e propagador de erros. Geralmente ao ler superficialmente a história podemos chegar a conclusão que se os irmãos de José estavam fazendo coisas erradas deveriam pagar diante de seu pai por isso, mas ao ponderarmos numa ótica mais aguçada e considerarmos o porque de contar os erros veremos algo diferente, pois querer corrigir o erro confrontando para melhorar o caráter de uma pessoa é uma atitude louvável quando se está discipulando, mas apenas revelar o erro com a intenção de prejudicar é algo desprezível e também um grave indicio de doença na alma.  A superioridade latente e a descabida ignorância de seu pai em equilibradamente dar a todos os filhos atenção, amor e respeito gerou não somente uma crise familiar, mas também uma crise de identidade em José que somente poderia ser resolvida por Deus. A natureza humana que estava aflorada em Jose precisava ser transformada, pois a final de contas Deus tinha uma obra na vida dele (será que isso tem algo haver comigo ou com você!?) e naquela família desajustada, em meio ao ódio dos irmãos, dos paparicos do pai e da idolatria pessoal jamais ele poderia chegar a posição de príncipe e herói da fé. A Escola Divina foi acionada! Se você acompanhou a história em Gênesis a partir dos versículos posteriores a nossa reflexão pode ver José descendo a um buraco, sendo preso e vendido como escravo, caluniado, lançado num calabouço, esquecido por todos, mas assistido de perto por Deus, o Deus que o havia escolhido desde o ventre de sua mãe e que não o desamparou em nenhum momento. Neste momento surge uma pergunta: “Havia necessidade de José passar por tudo isso?” Acredito que essa mesma pergunta você às vezes faz em relação a suas dificuldades e problemas, e devo admitir que realmente é difícil para nós (pequenos seres humanos) que temos a visão tão limitada entender os desígnios divinos, mas o Apóstolo Paulo em Romanos 9.20 diz: Mas quem é você, meu amigo, para discutir com Deus? Será que um pote de barro pode perguntar a quem o fez: “Por que você me fez assim?” Veja o resultado do trabalhar divino na vida de José... O ódio dos irmãos transformou-se em arrependimento, a família desajustada passou por uma transformação tão profunda que todos passaram a cuidar melhor um dos outros a ponto de Judá se oferecer como escravo em troca do irmão mais novo (Benjamin), e José aquele ególatra compulsivo deixou de se ver como o centro do mundo e se tornou o salvador daquela geração e das gerações futuras, compreendeu que não havia o porque de se achar melhor que os irmãos, de humilha-los, de impor e mostrar que o pai o amava mais do que todos. O José que passou pela Escola Divina compreendeu que tudo o que aconteceu com ele fazia parte dos propósitos de Deus para o colocar numa posição de honra e molda-lo para ser verdadeiramente um homem de uma fé exemplar, uma pessoa altruísta e generosa, um homem curado das mazelas da natureza humana, disposta a perdoar, a ser um herói lembrado entre muitas posteridades. Quero chamar a atenção nesta reflexão para a lição que José doou para todos nós que acreditamos no mesmo Deus que ele acreditou – lição está que mostra que devemos deixar Deus nos moldar... Que devemos parar de culpar o mundo, o nosso arqui-inimigo e qualquer outro que nosso ego queira eleger para transferir o que cabe a nós... Medite nisso: “Se buscarmos identificar nossas mazelas e as colocarmos na presença divina o mais rápido possível teremos o privilégio de passar um período menor na escola divina que tratou José (José levou 13 anos para chegar a governador).” Qual é sua posição diante Deus? Tiago 4.10 diz: “Humilhem-se diante do Senhor, e ele os colocará numa posição de honra.




SP, Maio de 2014.




[1] Pastor, escritor, poeta, Teólogo e bacharel em direito.




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