Texto bíblico na Nova Tradução na
Linguagem de Hoje
Paulo Francisco dos Santos[1]
“... e o dia da morte
é melhor do que o dia do nascimento.”
Eclesiastes 7.1
A morte para o ser humano não é só um inimigo assustador, mas também uma
incógnita agressiva ao desejo de viver. Salomão não foi o único a escrever sobre
ela, mas diversos pensadores já falaram sobre essa implacável e arrebatadora
opositora da vida. A presença da morte é tão comum que não há uma hora se quer
que alguém não seja levado por ela e isso tem sido quase que inevitável[2]. Este versículo juntamente com o contexto
deste capítulo nos prestigia com grande sabedoria, pois foi escrito com a nítida
intenção de mostrar aos leitores que a administração da vida de forma sábia é
de suma importância, pois a morte virá. Todavia, o foco que o Espírito Santo
coloca em meu coração para compartilhar com os caros leitores desta reflexão é
sobre a benção que veio cerca de mil anos após a escrita em tela. Jesus veio
estabelecer uma mudança radical sobre o conceito de morte que até então era
apenas de ordem física. O que o mestre dos mestres veio esclarecer é que existe
a morte eterna e também uma espécie de morte que é necessária: “Eu
afirmo a vocês que isto é verdade: se um grão de trigo não for jogado na terra
e não morrer, ele continuará a ser apenas um grão. Mas, se morrer, dará muito
trigo. Quem ama a sua vida não terá a vida verdadeira; mas quem não se apega à
sua vida, neste mundo, ganhará para sempre a vida verdadeira. João 12.24-25” ,
essa tal morte com codinome Necessária é na verdade uma escolha que estabelece
um viver diferenciado daquilo que é tido como corriqueiro, ou seja, é passar a
viver uma vida de acordo com o chamado do Evangelho de Cristo. Tal morte é algo
que chega a ser fora do comum para os padrões normais porque para alcança-la
deve haver um desapego para a vida deste mundo, ou seja, quando a vida
verdadeira me é apresentada a vida deste mundo para mim deve morrer e o mais
importante deste acontecimento é que não será outra pessoa que terá de tirar
minha vida, mas eu mesmo, ou seja, em pormenores quero dizer que haverá um
suicídio da vida voltada para mundo (“EXPRESSÃO FIGURATIVA”) para que surja a vida voltada para Deus. Talvez
para os simplórios opositores da verdade bíblica surgirão indagações do tipo:
“Não vou mais comer ou beber? Não vou mais trabalhar? Vou ter que me afastar
dos amigos e familiares?” O evangelho jamais pregou separação entre pessoas[3] ou
abstinência das coisas que são necessárias para a sobrevivência durante o período
em que caminhamos neste mundo transitório, mas ao falar de morte necessária o
que deve se ter em mente é mudança de paradigma, ou seja, deixar de viver
conforme os padrões decaídos da natureza Adâmica para viver uma vida segundo
Cristo nos entrega[4]
mediante o sacrifício que foi realizado no Calvário. Assim, ao refletirmos
neste sentido podemos afirmar realmente que o dia da morte (necessária) é
melhor do que o dia do nascimento comum, pois no nascimento herdamos a natureza
caída do Éden, mas na morte dessa natureza que é chamada de velha através do
Evangelho recebemos a filiação divina e a vida verdadeira. O dia de hoje é
marcado pelo pensamento de escolha, pois há uma bifurcação com dois caminhos
distintos – o da vida terrena, comum e transitória que levará a eternidade
distante de Deus e o que tem codinome necessária que estabelece um caminhar no
padrão divino, incomum e que será permanente porque será eternizado quando for
estabelecido o Reino que não se acabará. Qual será sua escolha?
SP, Outubro de 2013.
[1] Pastor, escritor, poeta, Teólogo e
bacharel em direito.
[2]
Segundo os relatos bíblicos temos Enoque (Gênesis 5.24, Hebreus 11.5), Elias (2
Reis 2.11) que não morreram e o Senhor Jesus que morreu, mas ressuscitou e
venceu a morte (2 Timóteo 1.10).
[3] 1 Coríntios 5.10: “Eu não quis dizer que neste mundo vocês devem ficar separados dos pagãos
que são imorais, avarentos, ladrões ou que adoram ídolos. Pois, para evitar
essas pessoas, vocês teriam de sair deste mundo.”
[4]
2 Coríntios 5.17: “Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho,
e já chegou o que é novo.”